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O Vale
do Matutu

Quero compartilhar um pouco sobre esse local mágico onde realizamos nossa busca de Visão a muitos anos.

​​O Vale do Matutu, localizado na mágica região de Aiuruoca, que vou escrever tambem sobre esse local, é um lugar onde a Terra respira mistérios e onde o tempo parece ter sua própria cadência, guiada pelos espíritos da natureza. Esse vale, envolto em neblina e rodeado por montanhas sagradas, é um portal para o mundo ancestral, um espaço onde as lendas e a espiritualidade se entrelaçam em um tecido de significados profundos e ressonantes.

A origem do nome "Matutu" vem do tupi-guarani e significa "cabeceiras sagradas", o que já revela a importância espiritual desse lugar para os povos indígenas que aqui viviam. Esses povos sabiam que o Matutu era um espaço de grande poder, onde as águas nasciam puras e carregadas de energia, e onde as montanhas atuavam como guardiãs das forças naturais. Para os antigos, o Vale do Matutu era um santuário, um lugar de conexão com os deuses e com o espírito da Terra.

Uma das lendas mais antigas do Matutu fala de um grande espírito protetor, chamado de Anhangüera, que habitava a região muito antes dos primeiros humanos chegarem. Anhangüera era o guardião das águas, das florestas e das montanhas, e sua presença podia ser sentida em cada brisa que passava pelo vale, em cada canto de pássaro e no sussurro das árvores. Ele cuidava para que o equilíbrio natural fosse mantido, e era reverenciado pelos xamãs e anciãos das tribos que habitavam os arredores.

Conta-se que, em tempos antigos, o Vale do Matutu era um lugar de encontro para os grandes pajés e xamãs da Mantiqueira. Eles vinham ao vale para realizar cerimônias sagradas, onde invocavam os espíritos da natureza e pediam bênçãos para seus povos. Durante essas cerimônias, a névoa que cobre o vale frequentemente se tornava mais densa, como se os próprios deuses descessem para ouvir as preces e compartilhar seus dons. O Matutu era visto como um ponto de intersecção entre o mundo material e o espiritual, um lugar onde a sabedoria ancestral fluía livremente.

Outra lenda fala sobre o Pico do Gavião, uma montanha que se ergue majestosa sobre o Vale do Matutu. Diz-se que o pico é a morada de um poderoso espírito em forma de gavião, que sobrevoa o vale, vigiando e protegendo o local. Os moradores mais antigos e visitantes do Matutu acreditam que o gavião é um mensageiro do céu, trazendo orientações espirituais e garantindo que as energias do vale permaneçam puras e equilibradas. Aqueles que conseguem avistar o gavião em voo dizem que é um sinal de boas novas, de proteção e de caminhos abertos.

O Vale do Matutu é também famoso por suas águas curativas. As nascentes que brotam de suas montanhas são vistas como fontes sagradas, onde os antigos vinham para se purificar e buscar cura. Cada rio, cada cachoeira do Matutu carrega consigo a essência das montanhas e das florestas, proporcionando não apenas refresco ao corpo, mas uma profunda renovação da alma. Banhar-se nessas águas é um ritual de reconexão com o sagrado, um momento de entrega à energia curativa que emana da Terra.

Para os xamãs, curandeiros, místicos e terapeutas, o Matutu é um lugar de grande poder espiritual, onde é possível realizar visões, meditações e rituais que conectam o ser humano com o coração da Mãe Terra. As montanhas que cercam o vale são vistas como antenas naturais, captando e amplificando as energias cósmicas e terrestres, criando um ambiente propício para a cura e o despertar espiritual.

O Vale do Matutu, com sua beleza intocada e sua aura de mistério, continua a ser um refúgio para aqueles que buscam mais do que apenas a paz da natureza, mas uma profunda conexão com o sagrado. É um lugar onde as lendas vivem nas árvores, nas águas e nas montanhas, e onde o visitante pode sentir a presença dos antigos, dos espíritos guardiões, e da própria essência do universo.

Visitar o Matutu é participar de uma jornada espiritual e de vitalidade onde cada passo no vale é uma oração, e cada momento de silêncio é uma oportunidade de ouvir o sussurro dos espíritos ancestrais e da Vida.  Este vale não é apenas um local físico, mas um estado de espírito, um lembrete constante de que a Terra é viva e sagrada, e que todos nós somos parte dessa teia de vida, conectados pelo fio invisível da espiritualidade e da energia que flui através do tempo e do espaço.

Texto : Sthan Xanniã Tehuantepeltl

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